sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Existem fatores por trás dos detalhes

Difícil mensurar a decepção num jogo assim. Grêmio estava arrasador no primeiro tempo e deixou de matar o jogo. Jogava com uma intensidade gigantesca, tanto que o primeiro chute do adversário foi só aos 31 minutos de jogo. O tricolor estava ainda melhor que no Gre-nal e no jogo contra o Criciúma.

Na volta para o segundo tempo, o Cruzeiro acordou. Colocou a bola no chão e resolveu ditar as regras do jogo. O Grêmio, no entanto, parecia ter voltado do vestiário desatento e acabou por ceder espaços para a equipe do Cruzeiro trabalhar.

Quando o resultado estava ainda 1 a 1, Barcos perdeu um gol de uma forma inexplicável e, por causa disso, recebeu o peso da virada e das críticas da torcida. Embora futebol seja um detalhe, um lance, uma desatenção, é mesquinho de nossa parte culpar um jogador pelo resultado. Existem fatores por trás dos detalhes, dos lances, da jogada. Cruzeiro tem uma qualidade técnica anos-luz maior que a do Grêmio e isso fez uma enorme diferença. É impossível ignorarmos a supremacia técnica deles. No momento que Cruzeiro pôs a rápida troca de passes em prática, entramos na roda. O time de Felipão trabalha num sistema de jogo onde os volantes alternam posições entre si e com Dudu e Luan. Jogam em intensa movimentação, ou seja, na troca rápida de passes do adversário, o meio-campo é pego mal posicionado.

Por mais indignados que estejamos, é inegável que Barcos tem uma importância tática gigantesca. Graças as movimentações inteligentes dele no Gre-nal e também contra o Criciúma que o Grêmio conseguiu a vitória. Ele consegue puxar a zaga em linha e deixar que o volante mais agudo receba a bola quando a defesa está em transição. Méritos dele e de Felipão. Ontem, ele vinha fazendo o mesmo - e muito bem - com Ramiro, Dudu e até Riveros e estava dando certo.

Sim, eu sei que centroavante está lá para fazer gols. Mas vejo o Grêmio, hoje, incapaz de abrir mão dos artifícios que executa para sair os gols (ou seja, essa mudança de posicionamento e função do Barcos). Para sair um gol do Grêmio, há poucas rodadas atrás, tinha que ser rezada a Missa do Galo e mais uns três rosários. Não é por acaso que começamos a deslanchar lá na frente. Existe um porquê atrás deste detalhe, também.

No meu humilde ver, Felipão, tendo ciência do poder técnico deles e percebendo a expressão mais ofensiva deles no jogo, deveria ter colocado os volantes para guardar posição e ter jogado em linhas. Não ter recuado a marcação, mas ter observado a imensa qualidade do outro time e sabido que seríamos envolvidos.

Enfim, a verdade é que o resultado passa por muito mais fatores do que apenas um lance infeliz. O Grêmio permitiu que eles crescessem no jogo. Ademais, nós perdemos para Cruzeiro que é bicampeão brasileiro num trabalho de mais de quatro anos, já o Grêmio... Bem, o Grêmio está ainda buscando formar um time ideal. É fase construção, é preciso ter fé no trabalho, pois com muito empenho, um dia, dará resultado.

Jéssica Cescon Antunes

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