Na volta para o segundo tempo, o Cruzeiro acordou. Colocou a bola no chão e
resolveu ditar as regras do jogo. O Grêmio, no entanto, parecia ter voltado do
vestiário desatento e acabou por ceder espaços para a equipe do Cruzeiro
trabalhar.
Quando o resultado estava ainda 1 a 1, Barcos perdeu um gol de uma forma
inexplicável e, por causa disso, recebeu o peso da virada e das críticas da
torcida. Embora futebol seja um detalhe, um lance, uma desatenção, é mesquinho
de nossa parte culpar um jogador pelo resultado. Existem fatores por trás dos
detalhes, dos lances, da jogada. Cruzeiro tem uma qualidade técnica anos-luz
maior que a do Grêmio e isso fez uma enorme diferença. É impossível ignorarmos
a supremacia técnica deles. No momento que Cruzeiro pôs a rápida troca de
passes em prática, entramos na roda. O time de Felipão trabalha num sistema de
jogo onde os volantes alternam posições entre si e com Dudu e Luan. Jogam em
intensa movimentação, ou seja, na troca rápida de passes do adversário, o
meio-campo é pego mal posicionado.
Por mais indignados que estejamos, é inegável que Barcos tem uma importância
tática gigantesca. Graças as movimentações inteligentes dele no Gre-nal e
também contra o Criciúma que o Grêmio conseguiu a vitória. Ele consegue puxar a
zaga em linha e deixar que o volante mais agudo receba a bola quando a defesa
está em transição. Méritos dele e de Felipão. Ontem, ele vinha fazendo o mesmo
- e muito bem - com Ramiro, Dudu e até Riveros e estava dando certo.
Sim, eu sei que centroavante está lá para fazer gols. Mas vejo o Grêmio,
hoje, incapaz de abrir mão dos artifícios que executa para sair os gols (ou
seja, essa mudança de posicionamento e função do Barcos). Para sair um gol do
Grêmio, há poucas rodadas atrás, tinha que ser rezada a Missa do Galo e mais
uns três rosários. Não é por acaso que começamos a deslanchar lá na frente.
Existe um porquê atrás deste detalhe, também.
No meu humilde ver, Felipão, tendo ciência do poder técnico deles e
percebendo a expressão mais ofensiva deles no jogo, deveria ter colocado os
volantes para guardar posição e ter jogado em linhas. Não ter recuado a
marcação, mas ter observado a imensa qualidade do outro time e sabido que
seríamos envolvidos.
Enfim, a verdade é que o resultado passa por muito mais fatores do que
apenas um lance infeliz. O Grêmio permitiu que eles crescessem no jogo.
Ademais, nós perdemos para Cruzeiro que é bicampeão brasileiro num trabalho de
mais de quatro anos, já o Grêmio... Bem, o Grêmio está ainda buscando formar um
time ideal. É fase construção, é preciso ter fé no trabalho, pois com muito
empenho, um dia, dará resultado.
Jéssica Cescon Antunes
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