Estou arrasada. Como é horrível perder
Gre-Nal. Perder vários, então, é insuportável. A revolta da torcida é compreensível
pois ela sente como se a história do Grêmio fosse manchada a cada derrota para o
time de vermelho. É um somatório dos anos sem títulos com as derrocadas nas
fases finais das competições.
Entretanto, o jogo de ontem nos
mostrou uma perspectiva diferente. Ultimamente, vínhamos perdendo o Gre-Nais
taticamente, por mérito de Abel, por ingenuidade de Enderson, principalmente
aquele dos 4x1. Com Felipão, Grêmio deteve o domínio do meio-campo. Escalando
três volantes que a torcida não esperava, ele surpreendeu também Abel. Walace
jogou muito bem, comprovou o que vinha sendo falado dele. Assumiu a
responsabilidade e, junto ao Fellipe Bastos e Rodriguinho, anulou a criação de
D’alessandro e Aranguiz.
Grêmio jogou num 4-2-3-1. Postou os
três volantes de forma perfeita e colocou Giuliano para triangular com Dudu e
Barcos. Este, vale lembrar, desde o último jogo do Grêmio sob comando de Enderson,
não joga mais de pivô, consequentemente tem rendido e aparecido muito mais para
o jogo. Ramiro foi bem na lateral, já tinha jogado assim no Juventude e Pará fez
sua parte defensiva.
O único erro, ao meu ver, foi na
escalação. Werley já havia sido sacado do time pelas frequentes falhas em gols
sofridos no primeiro semestre, quase todos pelo mesmo motivo, sua desatenção - pra
não dizer insistência - em marcar a bola. Isso aconteceu de novo. Ele tomou
bola nas costas num cabeceio no primeiro poste, o que me levou a fazer tal
pergunta: “ele estava marcando quem: Fabrício que ia cruzar, a linha do campo
ou a bola?” Erro amador. Nossa defesa vinha bem, Geromel rendia mais a cada jogo,
não havia dúvidas, já tem tempo que Werley não cabe mais no time titular.
Outro fator a se considerar além
da disposição tática e a inteligência na cobertura dos espaços pelos volantes,
foi a entrega do time em campo. Percebi um time muito aguerrido, lutador, não
desistindo da jogada. E essa compilação de inteligência tática ao observar a
forma de jogo do adversário e o futebol aguerrido com cara de Grêmio é o que eu
vou chamar de “Processo de Scolarização”. Esse processo tem apenas uma semana
de trabalho e já foi possível perceber a melhora no posicionamento das peças de
meio e um time com vontade de vencer. É promissor e me passa confiança.
E foi por causa desse processo
que fomos superiores na maior parte do jogo. Terminamos o primeiro tempo com
51% de posse de bola, jogando retrancado, na casa do adversário. Na verdade,
isso só parou de acontecer depois de levarmos o primeiro gol. Então, foi
necessário mexer na escalação e na postura em campo. A mudança de
esquema aconteceu com a entrada de Fernandinho, jogando pela ponta esquerda. O segundo
gol foi uma consequência da necessidade do empate, designando aos defensores
que fossem à área tentar o gol. Perdemos por uma falha individual num jogo em
que o Grêmio jogou muito melhor.
A derrota, por óbvio, nos
entristece, mas é necessário saber analisar o jogo deixando de lado nossas
mágoas. Estamos diante de um Processo de Scolarização que se inicia e começa a
tomar forma. E como não acreditamos em “pensamento mágico”, sabemos que é preciso
trabalho contínuo de Felipão até que se consiga solidificar um time, uma
estratégia e uma filosofia de jogo.
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