Tais preconceitos são um problema sociocultural que diz respeito
à população mundial. Não se atém a um povo, nem mesmo a uma região. E é por
esse motivo que a conexão feita indevidamente entre casos de racismos ao Grêmio
ou a sua torcida significa não apenas a desmoralização de cada torcedor como
indivíduo gremista e cidadão de boa-fé, como também uma inverdade histórica.
Vejamos alguns fatos:
Em 1913/14, mesmo com toda a influência européia no sul do
Brasil, da desigual Constituição de 1891 e da recente abolição da escravatura,
Grêmio incluía em seu plantel o primeiro jogador negro de um grande clube de
Porto Algre, o Antunes.
De 1926 a 1934, o plantel gremista já contava com Adão e
Adroaldo;
1937/40 (Laxixa),
década de 40 (Mário Carioca, Hélio e Prego), 1948/50 (Hermes), e depois com
Tesourinha em 1952/53. Tesourinha foi
“somente” o primeiro negro de destaque que vestiu a camisa do
Imortal Tricolor na era profissional do clube;
É importante
enfatizar que o estatuto dizia que o quadro do clube não poderia ter negros, por
cláusula gerada através de exigência feita por alemães para ceder o Estádio da
Baixada. Mas isso como mostrado, não
ocorria de fato.
Entretanto, em 1909
nascia um clube não tão do povo assim. Fundados por comerciantes da
classe-média, o cô-irmão permitiu o primeiro negro no seu time apenas em 1928.
Se já não fosse suficiente pra desmitificar o rótulo popular, o acesso de um
time criado por negros que não eram aceitos em clube nenhum para jogar a
liga de futebol do Rio Grande do Sul foi negada justamente com o voto do SCI.
Os negros da época formaram então sua própria liga, nominada de "Canela Preta", para poderem
jogar um esporte elitizado àquela época, mas que depois se tornaria a segunda
divisão, mesmo sem permissão de ascensão para jogarem com os grandes clubes.
Portanto, relacionar casos de racismo à torcida gremista é
ofender a moral do torcedor, uma vez que essa torcida é formada por indivíduos
que não devem ser incluídos nas levianas generalizações. A história comprova
que o Grêmio foi um clube que enalteceu grandes gremistas, sejam eles brancos
ou negros, mas que também sofreu evolução com o ambiente, as leis e a sociedade.
A discriminação racial é - e sempre foi - um problema social e o caso dela
existir em um só clube ou torcida é um mito criado como intuito de
desmoralização da maior torcida.
E como prova de um Grêmio azul, preto e branco, mostro parte do
livro da história de Lupcínio Rodrigues, sócio-honorário do clube que
compôs o famoso hino do GRÊMIO FOOTBALL PORTO-ALEGRENSE, onde conta porque foi
que ele escolheu ser gremista:
Fontes - além de ser uma ótima e esclarecedora leitura:
FUTEBOL NO SUL: HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO E RESISTÊNCIA ÉTNICA - JOSÉ LUIZ DOS ANJOS: https://drive.google.com/file/d/0BxdBHJ8VjQQFMVZkcVF1Y19Uckk/edit?usp=sharing
O FUTEBOL DA CANELA PRETA: O NEGRO E A MODERNIDADE EM PORTO ALEGRE: https://drive.google.com/file/d/0BxdBHJ8VjQQFUW1YbWJ6R3lqTUU/edit?usp=sharing
O FUTEBOL DA CANELA PRETA: O NEGRO E A MODERNIDADE EM PORTO ALEGRE: https://drive.google.com/file/d/0BxdBHJ8VjQQFUW1YbWJ6R3lqTUU/edit?usp=sharing
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